O cinema brasileiro sempre teve o costume de apresentar filmes especialmente voltados para o público infantil, com produções que marcaram gerações, como Os Trapalhões, Xuxa e O Menino Maluquinho. Esses filmes ajudaram a formar uma tradição de entretenimento para as férias das crianças, sendo parte importante da memória afetiva de várias gerações.
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Com o tempo, no entanto, essas produções perderam espaço para as grandes franquias internacionais, como Disney e Pixar, e o público infantil passou a se dividir entre as novas animações globais. Contudo, nos últimos anos, os filmes baseados na Turma da Mônica têm ajudado a revitalizar esse gênero, unindo elementos tradicionais e contemporâneos. Seguindo esse caminho, Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa é uma das mais recentes adaptações cinematográficas dos personagens criados por Mauricio de Sousa e promete ser uma experiência divertida e tocante para as novas gerações.
A produção, que tem como protagonista o influenciador Isaac Amendoim no papel de Chico Bento, nos leva ao universo simples e encantador do garoto do interior. Com a pegada moderna das graphic novels e a familiaridade dos quadrinhos clássicos, o filme mistura a leveza das histórias infantis com questões mais atuais, mantendo o encanto das narrativas originais, mas com uma abordagem fresca e inovadora.
A história gira em torno da forte conexão de Chico com a sua goiabeira, uma árvore que não é apenas uma simples planta, mas um símbolo da sua infância e felicidade. Ao longo da trama, acompanhamos o amor de Chico pela árvore, desde sua juventude até os momentos de diversão com sua avó, até o confronto com Nhô Lau (Luis Lobianco), seu eterno rival na disputa pela fruta. A paz de Chico é ameaçada quando o engenheiro Dotô Agripino (Augusto Madeira) planeja construir uma estrada no local onde a goiabeira se encontra, colocando em risco a árvore e toda a alegria que ela representa. Determinado a não deixar sua preciosa goiabeira ser destruída, Chico reúne seus amigos – Rosinha, Zé Lelé, Hiro, Zé da Roça e Tábata – e juntos buscam encontrar uma maneira de impedir a construção, enfrentando também as promessas sedutoras de progresso feitas pelos adultos da região.
O grande destaque do filme é a performance de Isaac Amendoim, que traz à tela a essência do personagem de forma genuína e cativante. Com uma energia vibrante, o ator consegue traduzir perfeitamente o espírito travesso e carismático de Chico Bento, criando uma conexão imediata com o público. Sua atuação, que lembra o trabalho de Samuel Costa em O Menino Maluquinho, transmite a mesma autenticidade e energia que fizeram os personagens da literatura infantil tão adorados ao longo dos anos.
O roteiro, assinado por Elena Altheman, Raul Chequer e o diretor Fernando Fraiha, utiliza uma narrativa envolvente e acessível, incorporando elementos de humor e emoção. A quebra da quarta parede – uma característica das histórias de Mauricio de Sousa – é explorada de maneira criativa, com Chico falando diretamente com o público, o que aproxima ainda mais os espectadores do universo do personagem e de sua história. O filme não só oferece um entretenimento leve, mas também transmite importantes mensagens sobre preservação ambiental, amizade e os desafios de lutar por aquilo que amamos.
Por: Gabriel Santos / Super Fan – FM.