
Título: Let’s Go Rodeo Artista: Ana Castela Cotação: ★ ★ ★ 1/2
O disco, que apesar do título em inglês, apresenta nove faixas cantadas em português, solidifica a imagem da cantora como uma “boiadeira pop”, misturando suas raízes sertanejas com influências do country e elementos eletrônicos.
A Essência da Roça com Batida Pop
A proposta de Ana Castela em “Let’s Go Rodeo” remete, de certa forma, à guinada country pop de Roberta Miranda no álbum “Vida” (1997). No entanto, a recepção é diferente. A cantora sul-mato-grossense já surgiu em 2021 com a fusão de sertanejo, funk, reggaeton e dance music, o que torna a pegada pop de músicas como “Olha Onde Eu Tô” – uma declaração feminista de amor ao rodeio – algo natural e coeso com sua trajetória.
O álbum surpreende ao trazer a colaboração do renomado DJ e produtor norte-americano Diplo na faixa “Tropa do Chapelão”. Essa parceria injeta uma batida eletrônica poderosa, adicionando um toque “alien” ao repertório e reforçando a abertura de Ana Castela para o universo pop. Mesmo sem Diplo, a veia country pulsa em faixas como “Se Amando Nas BR”, produzida por Eduardo Godoy, que assume a maior parte da produção do disco.
Um Universo Cowboy com Toques de Sofrência
Godoy moldou a sonoridade do álbum, como na balada “Rodeio no Texas”, que consolida a imersão de “Let’s Go Rodeo” no universo dos cowboys e cowgirls. Embora isso possa limitar o alcance popular do álbum, ele se mantém fiel à sua essência sertaneja.
A balada country “Não Precisa Ser Cowboy” mostra Ana Castela reconhecendo que habita um mundo próprio, ao se dirigir a um amor que não se encaixa nesse perfil. A sofrência, elemento clássico do sertanejo, também se faz presente em faixas como “Pra Quem Você Ligou” e “Saudade É Saudade”, que, mesmo com o tempero country, remexem na dor universal do amor.
Repetição e Conclusão
Contudo, apesar das nuances, o álbum peca pela repetição temática. À medida que as músicas avançam, como em “As Cowgirl”, a sensação é de que o disco gira em torno de um mesmo eixo, explorando o universo sertanejo-country de diferentes ângulos, mas sem muita variação. Essa percepção se acentua pela curta duração do álbum, que totaliza apenas 25 minutos.
A faixa de encerramento, “Tô Voltando”, com sua moldura sertaneja mais clássica, amarra o conceito de “Let’s Go Rodeo” com outra declaração de amor ao rodeio. No fim das contas, Ana Castela reafirma com orgulho suas origens roceiras enquanto continua explorando os caminhos e ritmos do universo pop, consolidando sua identidade musical única no cenário atual.